MPF recomenda
à
ANP que não inclua blocos da foz do Amazonas em leilões
E
m meio
à
guerra de titãs travada
entre o poder econômico e apre–
servação ambiental, o Ministério
Público Federal (MPF) recomendou à
Agência Nacional do Petróleo, Gás Na–
tural e Biocombustíveis (ANP) que não
inclua em seus próximos leilões novos
lotes de exploração de petróleo na re–
gião da foz do rio Amazonas. De acordo
com a recomendação, a restrição deve
permanecer até que os estudos sobre
a viabilidade da extração de petróleo
na área, incluindo os impactos na bar–
reira de corais existente na localidade,
sejam concluídos.
Na recomendação o MPF justifica
lhama
é
impedido de
conceder licenças
ambientais
à
empresa
Total E&P do Brasil
T
ambém em resposta
à
vigo–
rosa campanha do Greenpeace
e outras entidades ambienta–
listas, o Ministério Público Federal
(MPF) no Amapá expediu recomen–
dação ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Na–
turais Renováveis (lhama) para in–
deferir licença para exploração à
empresa Total E&P do Brasil, que
que a medida é para evitar inseguran–
ças jurídicas, ressaltando a necessi–
dade de "emprestar segurança e
confiabilidade ao mercado e aos em–
preendedores interessados em explo–
rar a região da foz do Amazonas",
pontuando ser indispensável a execu–
ção das atividades com segurança e
precisão para resguardar vidas huma–
nas e preservar o meio ambiente ma–
rinho.
O MPF também recomendou ao
Ministério das Relações Exteriores
(MRE) a notificação de países que pos–
sam ser atingidos pelos impactos da
atividade petrolífera na região de fron-
partiu na frente para realizar as
pesquisas.
No documento, o MPF considera
insuficiente o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) na região, sob o ar–
gumento de que o ecossistema
ainda é desconhecido e argumenta
que a liberação de atividades petro–
líferas, sem estudo adequado, viola
compromissos internacionais fi r–
mados pelo Brasil, alertando que a
liberação das pesquisas e a conse–
quente exploração pode resultar na
destruição em larga escala do meio
ambiente, configurando ecocídio,
isto é, crime contra a humanidade
sujeito
à
jurisdição do Tribunal
Penal Internacional.
Na realidade, desde 2016 o MPF
apura a possível ocorrência de irre–
gularidades no EIA apresentado
Revista
DIÁRIO
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teira, sob a justificativa de que pesqui–
sas teriam evidenciado que eventual
vazamento de óleo na extração de pe–
tróleo na foz do Amazonas pode atingir
as Guianas e países caribenhos, impac–
tando recursos pesqueiros, praias e a
indústria do turismo.
Nessa recomendação enviada ao
ministro do ltamaraty, Aloysio Nunes, o
MPF alerta que a exploração de petró–
leo na foz do rio Amazonas exige cau–
tela e redobrada atenção devido ao
risco de violação de convenções inter–
nacionais, o que sujeitaria o Brasil ares–
ponder por crime contra a humanidade
perante o Tribunal Penal Internacional.
pela empresa. Em 2015, na primeira
recomendação ao lhama sobre o as–
sunto, o MPF orientou o órgão a
rever o processo de licenciamento
para reavaliar os impactos da ativi–
dade petrolífera na região. O lhama,
então, determinou
à
Total que fos–
sem refeitos documentos anterior–
mente apresentados pela empresa e
a readequação dos estudos exigidos
para o licenciamento.
Para o MPF, entretanto, os escla–
recimentos prestados pela Total não
foram capazes de demonstrar a se–
gurança necessária para a explora–
ção de petróleo na área pretendida.
Mais recentemente, o lhama indefe–
riu, alegando incongruências, as li–
cenças ambientais das empresas
que pretendem explorar petróleo
na costa atlântica amapaense.