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Personalidade

O professor Raimundo Pantoja Lobo aos 10 anos de idade foi com os

irmãos abandonado pelo pai, um próspero fazendeiro que, viúvo, ao

se unir com outra mulher, resolveu desunir-se da prole. Tendo que

praticamente viver por conta própria, o menino se empenhou na lida

de caçar, pescar e mariscar nas terras, lagos e rios de Aporema.

Tornou-se exímio nas três atividades. Aos 18 anos, pescando, Lobo

conheceu o então deputado federal Coaracy Nunes, um anjo que lhe

surgiu na vida, quem o colocou para estudar. Depois, o professor se

tornou uma das maiores autoridades da Língua Portuguesa no Brasil.

Texto:

Douglas Lima

D

ia 10 deste mês uma das maiores inteligências do

mundo completou85anos de idade. Essa inteligência

se chama Raimundo Pantoja Lobo, o famoso Profes‐

sor Lobo do Aporema.

Aporema é umdistritodomunicípio amapaense deTar‐

tarugalzinho. Nessa localidade, o caboclo Lobo viveu uma

impressionante práxis com a natureza que lhe deu a inspi‐

ração de trazer a lume duas obras literárias – Respingos de

Filoso ia e Ecologia e Respingos de Ecologia Empírica. Os

dois livros foramas primeiras obras doAmapá, escritas por

amapaense, voltadas para o conhecimento cientí ico peda‐

gógico da natureza.

Raimundo Lobo migrou para o papel a forma de viver

de toda a fauna do seu querido Aporema. Ele mostra com

sapiência, fruto de suas acuidadas observações, os modos

de existência de espécies como o tambaqui, pirarucu, tucu‐

naré, escorpião, a garça e a quase in inidade de bichos exis‐

tentes naquela comunidade.

Oprofessor aindapublicououtro livro, Pensamentos so‐

bre o Amor, onde ele dá 342 denominações a esse senti‐

mentoque permeia a vida de todos os seres humanos. Uma

das denominações é a seguinte: “O amor é uma plantinha

extremamentemelindrosa: passamos longos anos aduban‐

do‐a, porémpodemos perdê‐la num instante”.

Assim, de primeira mão, podemos pensar que Lobo

teve uma vida estudantil normal, até se formar professor

e depois, então, escrever livros. Mas não! o caboclo do

Aporema só sentou num banco de escola aos 18 anos de

idade, absolutamente analfabeto de conhecimentos es‐

colares e livrescos.

Passou toda a infância, adolescência e parte da juventu‐

de longe, muito longe de escola, de professor, de livros, ca‐

dernos e lápis. Nesses períodos sempre esteve pescando

nos rios e lagos doAporema, e observando os procedimen‐

tos de uma das suas paixões, a natureza.

Quando Raimundo Lobo tinha 18 anos de idade, Deus

conduziu ao Aporema o então deputado federal Coaracy

Nunes, que gostava de pescar. Para orientar o político na

pescaria, a comunidade apontouo rapaz chamadoLobo, fa‐

moso como exímio pescador, caçador e mariscador.

Muitos peixes foram isgados. Coaracy Nunes icou sa‐

tisfeito como resultado daquilo que ele fazia mais por es‐

porte do que pela sensação gostosa que se tem de tirar o

peixe d’água e depois comê‐lo. O deputado também gos‐

tou do rapaz que o acompanhara, na verdade icara im‐

pressionado com ele, uma pessoa falante, cheia de sabe‐

doria e extremamente conhecedora da fauna e lora que

compunham o seu habitat.

Coaracy Nunes percebera que o jovem Raimundo Pan‐

toja Lobo podia progredir na vida, pois era de uma inteli‐

gência fora do comum. Então, resolveu provocá‐lo. O quê

você quer fazer da sua vida? A resposta veio num supetão:

Quero estudar. Tambémimediatamente odeputado federal

pediu um pedaço de papel e uma caneta, e escreveu uma

apresentação do aporemense ao diretor da escola da Base

Aérea, nomunicípio de Amapá.

Professor Raimundo

Pantoja Lobo, hoje.

Revista

DIÁRIO

- Novembro 2015 -

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Analfabeto até

aos 18anos,

Raimundo Lobo se tornou

uma

sumidadeda

Língua Portuguesa