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obo foi levado para a escola pelo tio
João Brazão, chegando lá dois me‐
ses depois das aulas teremcomeça‐
do. Ocaboclo doAporema, uma fenôme‐
no, terminou o curso primário em ape‐
nas dois anos. Só tirava 90 e 100nas ava‐
liações escolares.
Nenhum outro aluno conseguia
acompanhar o jovem. Os professores i‐
cavam abismados com o desempenho
daquele estudante procedente do Apo‐
rema que, pobre, juntava papéis deixa‐
dos pelas aeronaves na Base Aérea, con‐
feccionando os cadernos com os quais
fazia as suas anotações escolares.
Certa vez, o iciais americanos foram
à escola da Base Aérea oferecer sapatos
ou livros aos alunos que mais se desta‐
cavam nos estudos. Ao primeiro coloca‐
do, Raimundo Pantoja Lobo, um o icial
perguntou se queria um par de sapatos
ou livro. Livro, foi a resposta. Ganhou o
livro, mas tambémo par de sapatos.
Ainda ajudado por Coaracy Nunes,
Lobo se mudou para Macapá, pra conti‐
nuar os estudos. Fez o então ensino nor‐
mal no Instituto de Educação doTerritó‐
rio Federal do Amapá (Ieta), residindo
no entãoGinásiodeMacapá –numquar‐
tinho cedido especialmente ao brilhante
aluno. No Ieta, o aporemense tambémfoi
primeiro lugar em todas as disciplinas.
Como sucesso estudantil alcançado
pelo seu protegido, Coaracy Nunes co‐
meçou a providenciar a ida de Raimun‐
do Lobo para a famosa Escola Dom Pe‐
dro II, do Rio de Janeiro. Mas Deus levou
o político num acidente aéreo dia 21 de
janeiro de 1958, juntamente com o su‐
plente de deputado federal Hildemar
Maia e o piloto Hamilton Silva, em Ma‐
cacoari, região do hoje município de
Itaubal do Piririm.
Choroso, o estudante Lobo foi ao
Aeroporto de Macapá, ainda na avenida
FAB, dá o seu último adeus ao amigo
Coaracy Nunes. Ele lembra das palavras
que proferiu ao ver o avião decolar com
o corpo carbonizado do deputado fede‐
ral para sepultamento no Rio de Janeiro:
“Lá vai o meu grande amigo e benfeitor;
se não fosse ele, eu estaria ainda nos la‐
gos e rios de minha terra natal”. Desde o
fatídico dia 21 de janeiro de 1958, todo
mês, o professor Lobo manda celebrar
Missa em memória do seu patrono na
Igreja da Conceição, bairro do Trem.
Professor Lobo é viúvo da professo‐
ra Josefa de Lima Lobo, morta em2010,
e coma qual teve sete ilhos. Eles são os
seguintes: assistente e perita social Sô‐
nia, Leonardo (falecido), o icial de justi‐
ça Rui Carlos, Éder, Tônia Bernadete (in
memoriam), sargento PM da reserva
Raimundo e tenente PM Iran. A assis‐
tente social Sônia é um exemplo de
amor à igura paterna. Ela abandonou a
estabilidade pro issional e familiar que
tinha em São Paulo apenas para tratar
do paizão emMacapá.
Revista
DIÁRIO
- Novembro 2015 -
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Raimundo Lobo na sua
formaturapara omagistério.
Ao lado, amigoAldeobaldo,
filhaSônia e Lobo