E
ntre as várias homenagens recebidas por Lobo se
destacam o Troféu Pitumbora, entregue pelo Con‐
selho Estadual de Cultura, e a Medalha de Acadê‐
mico Notável dos Edi icadodres do Memorial do Ama‐
pá conferida a ele pelo movimento Memorial Amapá.
Foi de autoria do professor o projeto de lei que redun‐
dou na lei que instituiu 10 de junho o Dia da Língua
Portuguesa, apresentado no Congresso Nacional pelo
então senador Papaléo Paes.
O professor fez época como ilósofo em Macapá,
mais precisamente na praça Barão do Rio Branco, en‐
tão o ponto mais frequentado da cidade. No estilo do
grego Sócrates, ele arrastava dezenas de pessoas, por
dia, como se discípulas dele fossem, ensinando‐as, re‐
velando a elas os mistérios da vida.
O saudoso advogado e escri‐
tor Isnard Lima, num dos muitos
jornais que já circularam no
Amapá, com a manchete “Um lo‐
bo ilósofo e amapaense”, escre‐
veu o seguinte:
“Há muitos anos, ele
costumava atrair a aten‐
ção dos jovens estudan‐
tes do Colégio Ama‐
paense, curiosos,
homens
inteli‐
gentes e até de
alguns descon‐
iados transeun‐
tes. Sua aparição
se dava na praça Barão do Rio Branco, no antigo João
Assis, na praça Veiga Cabral e em alguns lugares mais
frequentados pelo povão ou pela elite. De repente es‐
colhia um tema qualquer e começava a dissertar sobre
o assunto. Seus olhos carregavam o fogo de um grande
talento e os gestos indicavam as circunvoluções total‐
mente ligadas dos neurônios. Inquieto, sedento de cul‐
tura, irreverente, esmiuçando às vezes temas além de
nossa época – asasim se mostrava aquele caboclo do
Aporema, então um jovem estudante da Escola Normal
de Macapá. Prendia a atenção das pessoas, a admira‐
ção dos mais argutos e suscitava também a crítica dos
ignorantes, que não compreendiam o que aquele no‐
bre homem explicava. Seu nome começava a ser co‐
mentado nas rodas dos escassos intelectuais de 40
anos atrás. Depois, desapareceu do cenário durante
um longo tempo. Hibernou, cultivou cada vez a arte di‐
vina das palavras, lecionou Gramática Portuguesa no
C.A. e parecia não ligar para a Filoso ia pregada nas
praças e bares de Macapá de outrora.
Sempre o via, provocava‐o, para continuar a ouvi‐
lo e aprender muitas coisas que não sabia. Um dia lhe
perguntei por que não escrevia um livro sobre todos
aqueles pensamentos que lhe brotavam em cascata,
inspirados por uma Inteligência Superior. Eu sabia da
magnitude estelar que tinha a minha frente. Aquele ca‐
boclo do Aporema não era e nem é um homem comum.
É um ilósofo. Talvez um dos poucos autênticos ilóso‐
fos brasileiros. Eu me orgulho de ser amigo e da mes‐
ma forma deveriam se orgulhar todos os verdadeiros
amapaenses. Seu nome: Raimundo Pantoja Lobo”.
Personalidade
R
aimundo Pantoja Lobo entrou no magistério e se
aposentou como professor de Língua Portuguesa.
Ele é um apaixonado pelo vernáculo brasileiro.
Ainda hoje, já quase sem sair de casa, não pára de pesquisar.
Também não esquece a Filosofia. No momento se pega na
busca de comprovar, filosoficamente, que toda espécie
masculina da natureza é mais bonita que
a feminina.
O professor guarda com
carinho uma
correspondência lhe
enviada em 10 de janeiro
de 2002, assinada pelo
diretor tesoureiro da
Academia Brasileira de
Letras (ABL). A
correspondência diz o
seguinte:
Revista
DIÁRIO
- Novembro 2015 -
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