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Revista

DIÁRIO

- Novembro 2015 -

63

A

totalidade das áreas de ressaca é protegida pela

legislação ambiental e, por serem protegidas,

em tese não atraem a atenção do mercado

imobiliário, surgindo, assim, espécies de favelas

constituídas de palafitas que servem de moradia para

considerável parcela da população de Macapá. Essas

moradias, entretanto, por suas condições de

insalubridade, acabam gerando sérios e muitas vezes

irreversíveis

danos

ambientais,

provocando

enchentes decorrentes de aterramentos, além de

proliferação de doenças.

Não há necessidade de se recorrer a estatísticas –

infelizmente escassas quase inexistentes – para que

se constate o crescimento da população e dos

elevados índices de pobreza: “Esse quadro é

inaceitável! Há que se estabelecer políticas públicas

eficientes para conter esse avanço, buscando‐se uma

relação estável entre a população e o meio ambiente,

com o desenvolvimento de tecnologias já existentes,

e que não são executados por causa da inércia do

Poder Público.”, critica Antônio Feijão.

Para o especialista, a transposição das pessoas de

áreas alagadas e mesmo em estado de vulnerabilidade

social deve ser feita precedida de cuidados especiais:

“Mesmo com essas retiradas pelo viés público, a

ocupação das áreas de ressaca continuam

aumentando. Um dos motivos é que você transpõem

para um bem imóvel de padrão social superior famílias

de baixíssima renda que, ato contínuo, alugam ou

vendem o bem imóvel novo, enquanto o velho, na área

úmida, já foi vendido ou doado a parentes, obrigando

uma nova ocupação ilegal em área de ressaca. É uma

bola de neve que precisa de um desfecho rápido, sob

pena de se chegar a um estágio irreversível”.

Degradação ambiental

é cadavezmais

acentuada

E

studos sócio‐ambientais apontam para uma dura

conclusão: a própria realidade vivida no centro da

cidade e em bairros periféricos contíguos estimula

a ocupação de áreas de ressaca, porque a busca de um

ambiente tranquilo para morar leva as pessoas para

lugares a princípio semcondições de habitação, mas que,

com os olhos permanentemente fechados do Poder

Público para o problema, os terrenos úmidos vão sendo

aterrados de forma criminosa, surgindo, muitas vezes,

em meio a incontáveis barracos, imóveis suntuosos,

reunindo num só lugar todas as classes sociais.

“A falta de saneamento básico, a pouca oferta de água

tratada, a falta de opções de educação e lazer para a

juventude, os cada vez maiores índices de desemprego

são situações que incentivam essas ocupações

irregulares. Por isso, no meu entendimento, políticas

públicas e icientes são o remédio adequado a ser

administrado para curar essemal crônico que se alastrou

no Amapá”, receita Antônio Feijão

O especialista sugere um aprofundado estudo social

econômico para reverter o problema: “O Poder Público

transpõe as famílias pobres para conjuntos

habitacionais e somente alguns meses e até anos

depois viabilizam nesses locais os serviços e

equipamentos sociais. E é, também, a falta desses

serviços e equipamentos que leva essas famílias a

retornarem à moradia originária. Essas famílias têm

que ser realocadas com a disponibilização de toda a

estrutura adequada para uma moradia digna, com

linhas de ônibus, escolas, praças, energia elétrica, água

tratada, comércio, feira, en im, dando‐lhes condições

dignas para sobreviverem, e não repetir o erro do

Macapaba, que foi inaugurado de qualquer maneira, os

apartamentos entregues de forma irracional, única e

exclusivamente como marco eleitoral nas eleições

gerais de 2014”.

Omissão do

Poder Público

estimula

invasões