Revista
DIÁRIO
- Novembro 2015 -
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L
i uma coisa esta semana que me fez refletir sobre
a mulher e o mundo contemporâneo: apenas 69 %
dos países terão em 2015 a mesma quantidade de
meninos e meninas, nas escolas primárias.
Na atualidade, onde nós mulheres buscamos assen‐
tar nosso papel social, após travar várias lutas desde o
século passado, para simplesmente votar, um índice
desse nos silencia a alma.
Eu sou das que tem a firme convicção de que é por
meio da educação que as revoluções acontecem: a for‐
ma consciente de pensar e agir é que muda o mundo.
Esmiuçando um pouquinho mais o relatório da
UNESCO, vê‐se que nos países de terceiro mundo, 43 %
das meninas que nunca foram à escola, jamais terão a
chance de ir. Se fruto de ignorância, preconceito ou me‐
ras conjunturas econômicas e sociais, o certo é que es‐
sas famílias preferemmanter as meninas em casa se fo‐
rem obrigadas a escolher entre elas e os meninos pra
educar.
Outro fator crucial para a educação de mulheres é o
casamento precoce. Esse mesmo relatório assegura
que, mesmo com leis em vigor, o comportamento secu‐
lar das famílias de casar as filhas cedo nunca se abalou.
Malala, a menina paquistanesa que ousou enfrentar
a perseguição pra estudar, levou um tiro na cabeça, to‐
davia, sobreviveu, ganhou o Nobel da Paz e ainda tor‐
nou‐se símbolo mundial na luta contra a disseminação
do preconceito de gênero e não igualdade.
Toda mulher que ocupa um bom posto na sociedade,
com certeza, travou um luta invisível e teve uma deter‐
minação extra para concluir seus estudos, num mundo
onde o homem ainda é o protagonista. Comigo foi as‐
sim, falo disso com orgulho. Além de mulher, ainda os‐
tento a saga de ser nortista e parda.
Cabe a nós, homens e mulheres, uma combativa in‐
sistência de lutar para um ambiente igualitário na edu‐
cação, ainda que seja pela via da indignação, tal qual li
da jornalista Ana Paula Padrão: "torço para que seja do‐
loroso para você, leitor, como foi para mim, enfrentar
os dados desse relatório. A dor nos lança a mudanças
que o conforto jamais permitiria".
Só a educação nos faz verdadeiros cidadãos, aqueles
capazes de construir uma sociedade cada vez mais
igual, mesmo sendo plural!Só a educação nos faz ver‐
dadeiros cidadãos, aqueles capazes de construir uma
sociedade cada vez mais igual, mesmo sendo plural!
Juízadedireito
ElayneCantuária
ARTIGO
Educação
para ser
igual
Elayne Cantuária,
Juíza e articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário
Toda mulher que
ocupa um bom posto
na sociedade, com
certeza, travou um
luta invisível e teve
uma determinação
extra para concluir
seus estudos, num
mundo onde o
homem ainda é o
protagonista.
Comigo foi assim,
falo disso com
orgulho. Além de
mulher, ainda
ostento a saga de ser
nortista e parda.