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Revista

DIÁRIO

- Novembro 2015 -

64

L

i uma coisa esta semana que me fez refletir sobre

a mulher e o mundo contemporâneo: apenas 69 %

dos países terão em 2015 a mesma quantidade de

meninos e meninas, nas escolas primárias.

Na atualidade, onde nós mulheres buscamos assen‐

tar nosso papel social, após travar várias lutas desde o

século passado, para simplesmente votar, um índice

desse nos silencia a alma.

Eu sou das que tem a firme convicção de que é por

meio da educação que as revoluções acontecem: a for‐

ma consciente de pensar e agir é que muda o mundo.

Esmiuçando um pouquinho mais o relatório da

UNESCO, vê‐se que nos países de terceiro mundo, 43 %

das meninas que nunca foram à escola, jamais terão a

chance de ir. Se fruto de ignorância, preconceito ou me‐

ras conjunturas econômicas e sociais, o certo é que es‐

sas famílias preferemmanter as meninas em casa se fo‐

rem obrigadas a escolher entre elas e os meninos pra

educar.

Outro fator crucial para a educação de mulheres é o

casamento precoce. Esse mesmo relatório assegura

que, mesmo com leis em vigor, o comportamento secu‐

lar das famílias de casar as filhas cedo nunca se abalou.

Malala, a menina paquistanesa que ousou enfrentar

a perseguição pra estudar, levou um tiro na cabeça, to‐

davia, sobreviveu, ganhou o Nobel da Paz e ainda tor‐

nou‐se símbolo mundial na luta contra a disseminação

do preconceito de gênero e não igualdade.

Toda mulher que ocupa um bom posto na sociedade,

com certeza, travou um luta invisível e teve uma deter‐

minação extra para concluir seus estudos, num mundo

onde o homem ainda é o protagonista. Comigo foi as‐

sim, falo disso com orgulho. Além de mulher, ainda os‐

tento a saga de ser nortista e parda.

Cabe a nós, homens e mulheres, uma combativa in‐

sistência de lutar para um ambiente igualitário na edu‐

cação, ainda que seja pela via da indignação, tal qual li

da jornalista Ana Paula Padrão: "torço para que seja do‐

loroso para você, leitor, como foi para mim, enfrentar

os dados desse relatório. A dor nos lança a mudanças

que o conforto jamais permitiria".

Só a educação nos faz verdadeiros cidadãos, aqueles

capazes de construir uma sociedade cada vez mais

igual, mesmo sendo plural!Só a educação nos faz ver‐

dadeiros cidadãos, aqueles capazes de construir uma

sociedade cada vez mais igual, mesmo sendo plural!

Juízadedireito

ElayneCantuária

ARTIGO

Educação

para ser

igual

Elayne Cantuária,

Juíza e articulista do Jornal Diário do Amapá e Revista Diário

Toda mulher que

ocupa um bom posto

na sociedade, com

certeza, travou um

luta invisível e teve

uma determinação

extra para concluir

seus estudos, num

mundo onde o

homem ainda é o

protagonista.

Comigo foi assim,

falo disso com

orgulho. Além de

mulher, ainda

ostento a saga de ser

nortista e parda.