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Entrevista

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César Bernardo

®

"Dia 4 de fevereiro de 2011 eu

estava na Igreja de São José, e em

dado momento senti que meu mundo

estava acabando. Passei muito mal a

noite toda, e no dia seguinte também".

Oembaixador

da combate

A

aacancer

na Amapá

Texto:

Ramon Palhares

ésar Bernardo de Souza, nascido em Volta Grande (MG), em 1952, filho de

Esmeralda José de Souza eFernando Bernardo de Souza, casado com a

professora Consolação, travador de batalhas intermináveis contra cânceres há

sete anos emeio, concedeu entrevista emocionante ao jornalista Luiz Melo.

Formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Faculdade de

Ciências Agrícolas, chegou ao Amapá em 1974, através do Projeto Rondon, e

aqui fincou suas raízes, permanecendo até os dias atuais. Jornalista, radialista eescritor,

ele falou sobre adoença econsequências pra ele, sua família eamigos, edisse que,

apesar dos intermináveis ecada vez mais quase insuportáveis sofrimentos, ele segue

firme para se manter de pé, mesmo tendo que renunciar amuitas coisas na vida.

uiz Melo - Primeiramente, obrigado e pa–

rabéns pela coragem de nos conceder essa

entrevista. Você tem um histórico de in–

tenso trabalho dedicado ao Amapá, uma

vida intensa, movimentada, e de repente se

viu com um câncer em 2011. Como isso

ocorreu?

César Bernardo - No dia 4 de fevereiro de

2011 eu estava na Igreja de São José, por oca–

sião do aniversário do município, e em dado

momento senti que meu mundo estava aca–

bando. Passei muito mal a noite toda, e no dia seguinte

também. Não estava sentindo minhas pernas. Isso me

causou pavor, via três, quatro pernas num momento só.

Não apavorei ninguém, ninguém percebeu... Sempre tinha

ouvido falar em febre de molhar travesseiro, lençol, e na–

quela noite meu lençol ficou ensopado de suor. Procurei

o doutor Claudio Leão... Meu sangue estava praticamente

gel, não estava mais circulando; a partir daí iniciei a luta

pelo salvamento.

Luiz Melo - Como descobriu o câncer?

César Bernardo - Tive uma crise muito grande de

dor de cabeça ao ponto de não saber se era frontal ou su–

perior; na minha vida inteira eu nunca tinha tido dor de

cabeça; entrei no sanitário e conheci pela primeira vez o

inferno com muita dor no intestino; não podia gemer, cho–

rar, mexer ... Uma dor tão intensa que você coloca três, qua–

tro dores de dente que não chega nem perto, é bem maior;

não consegui fazer nada e fui para o quarto, parece que

ia explodir e defequei na cama... Um fedor horrível! Cha–

mei o doutor Dalto Martins, médico e deputado que pos–

teriormente morreu de forma trágica, e ele me disse:

"César, isso é um câncer, vamos buscar!". Isso era de tarde.

Chegou ao conhecimento do presidente Sarney, que es–

tava no Paraguai com a presidente Dilma, e ele se colocou

à

disposição. Pediu-me calma e me disse que me ajudaria

a cuidar da doença... Quero até o fim da minha vida de-

Revista DIÁRIO - Edição 27 - 08