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Porto e ferrovia, incertezas para

O

destino da soja produzida no

Amapá é o mercado interna–

cional, segundo a Aprosoja

no estado. Compradores europeus,

asiáticos ou até do Oriente Médio

pagam preços remuneradores para

esse produto. Como ocorre em pra–

ticamente metade do país, a soja é

exportada

in natura,

ou seja, passa

apenas pelo processo de secagem e

silagem após a colheita.

A expectativa do setor é de que

um dia a industrialização chegue ao

Amapá, agregando valor à soja e ao

milho produzidos no estado. "Mas

até que a gente chegue a esse ponto

a gente precisa se valer da exporta–

ção, para dar sustentação para o

crescimento da área e aí gerar uma

escala mínima de produção capaz

de sustentar uma indústria.

É

como

aquela história: a gente não pode

começar a construir uma casa pelo

telhado", argumenta Daniel Sebben.

Em linhas gerais, não se pode

conceber uma indústria sem ma–

téria prima em quantidade sufi–

ciente para suprir a indústria. Só

assim, quando esse ponto chegar,

é que justificaria a implanta ção

de uma indústria de soja no

Amapá. Quando não houver dúvi–

das com relação

à

segurança no

fornecimento de soja e milho no

Amapá aí sim vão chegar aqui

grandes indústrias de esmaga–

mento de soja", completa o diri–

gente da Aprosoja-AP.

MERCADO

Para entender o funcionamento

do mercado de soja, a reportagem

apurou que em relação a outras re–

giões do Brasil, a soja produzida no

Amapá se apresenta muito compe–

titiva, afinal o preço desse tipo de

grão é mundial, é um só para o

mundo todo, baseado na Bolsa de

Chicago (EUA), com cotações em

tempo real e variação diária, de

forma que esse preço cotado lá é o

preço FOB

(Free on board)

em

qualquer porto do planeta. Ou seja,

o preço que o produtor recebe pela

soja é o preço que está lá na Bolsa

de Chicago para ser entregue no

embarque.

Todo o custo que se tem do

navio para trás é deduzido do que

o produtor recebe. Então, um pro–

dutor do Amapá tem custo de em–

barque no navio e um custo de

Revista

DIÁRIO

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Edição28 -

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frete até o porto a partir das áreas

de plantio - muito mais próximas

do terminal - do que qualquer

outro produtor nacional, como do

Mato Grosso, que possui fazendas

distantes até 2,8 mil quilômetros

dos portos mais próximos como

Santos (SP) e Paranaguá (PR). Esse

diferencial é que tem tornado o

Amapá atraente para investimen–

tos em grãos.

AGRONEGÓCIO

A

partir de 2012, com a instala–

ção da agricultura em grande es–

cala, o chamado agronegócio, foi

sendo implantada a estrutura ne–

cessária, demandando investimen–

tos consideráveis, desde a correção

do solo, sabidamente de baixa fer–

tilidade. "O mercado de grãos já in–

vestiu mais de R$ 150 milhões em

ativos imobilizados, além de outros

R$ 60 milhões anuais no custeio do

processo de produção, pois a esti–

mativa é de que o produtor local

tenha um custo de R$ 3 mil por hec–

tare, com a abertura do solo, meca–

nização, fosfotagem, enfim, custos

com semntes, fertilizantes, defensi–

vos, mão de obra e tudo mais", diz.