o Amapá exportar riquezas
Toda a discussão a respeito do
mercado de grãos no Amapá, acaba
puxando o debate para o setor de
infraestrutura do Estado, com des–
taque para o modal de transporte,
seja ele fluvial, rodoviário, ferroviá–
rio e até aéreo. Em 2013, um terrí–
vel acidente no Porto da Anglo, em
Santana, vitimou operários e dei–
xou o setor de mineração estag–
nado. Além da impossibiloidade de
embarque de cargas, as empresas
que tentaram suceder a Anglo
American acumularam dívidas com
funcionários e também com forne–
cedores, estimadas em mais de R$
1 bilhão, segundo os representan–
tes do setor, como o empresário
Glauco Cei, que preside o Sindicato
das Indústrias da Construção Civil
(Sinduscon) no Amapá.
O combativo promotor de jus–
tiça Adilson Garcia do Nascimento
vem atuando pelo Ministério Pú–
blico do Estado na mediação dos
interesses do Amapá junto
à
Vara
de Recuperação Judicial de São
Paulo. Sus principal proposta é que
com a retomada do embarque de
minérios, seja pela Zamin, seja por
investidores que planejam se habi-
litar a fazê-lo, possam ser garanti–
das as indenizações e demais ver–
bas rescisórias dos operários,
pagamento de empreeiteiras e,
claro, tributos ao Estado e municí–
pios. "Mas para isso é fundamental
a retomada do processo de cons–
trução do novo píer, pois fazer o
embarque de minérios pela Com–
panhia Docas de Santana, projetada
para embarque de contêineres, não
é viável", diz o promotor.
Para isso, ele recorre aos núme–
ros. A capacidade do porto do mu–
nicípio é embarcar um navio por
mês de minério de ferro, o que pro-
teja que isso demandaria oito anos
para se fazer a venda das 4 milhões
de toneladas em estoque em San–
tana e Pedra Branca do Amapari.
FERROVIA
A partir de 2015, aconteceu a
decretação pelo Governo do Amapá
da caducidade da concessão da fer–
rovia, a EFA (Estrada de Ferro do
Amapá), que havia sido repassada
pela Anglo American
à
Zamin Fer–
rous. O poder público alegou que
não vinham sendo executadas as
atividades de manutenção e obras
Revista
DIÁRIO
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Edição 28 -
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de revitalização da linha férrea, nos
193 quilômetros entre Santana e
Serra do Navio. Em 2016 aconteceu
uma licitação coordenada pela
Agência Amapá de Desencolvi–
mento Econômico, para repassar a
concessão a um comprador interes–
sado, mas o certame deu deserto.
''As operações com trem só podem
ser viabilizadas a partir das opera–
ções com minério, o que iria cobrir
os custos operacionais do trans–
porte de passageiros e de cargas
como a produção agrícola dos colo–
nos instalados em comunidades ru–
rais ao longo da ferrovia", diz o
empresário Glauco Cei, que lembra
ser fundamental para isso que o
porto esteja em condições de dar
vazão ao embarque de minério,
logo, está estabelecido o impasse e
daí a imensa preocupação dos
amapaenses de terem uma solução
concreta para o setor. Sem porto,
não existe mineração; sem minera–
ção, não existe operação com os
trens; Algumas ações, como em–
barque de manganês na Serra do
Navio, vêm sendo feitas com ca–
çambas, o que puxa a discussão
sobre a conclusão da estrada. •