Casos envolvendo famosos chocam opinião
pública brasileira
M
uito antes da oficialização da tipificação penal,
o feminicídio sempre esteve presente na reali–
dade brasileira, envolvendo anônimos e famo–
sos. Inclusive passando por uma época em que
competentes tribunos do Tribunal do Júri usavam, com
sucesso, a tese de crime praticado "em defesa da honra",
em que homens matavam suas mulheres e amantes es–
cudados na impunidade sob o manto de traição. Ou
mesmo de violenta emoção.
Tanto que a justificativa de Otelo (personagem de
Shakespeare que, suspeitando de traição, asfixiou Des–
dêmona até
à
morte) sempre encontrou - e até hoje en–
contra - respaldo entre os sete jurados que integram os
conselhos de sentença do Tribunal do Júri Popular. Ope–
radores do direito afirmam que não há espaço, em
pleno século 21, para a tese jurídica do "lavar a honra
com sangue", diante de um adultério imaginado ou con–
sumado. Por outro lado, no entanto, em locais mais dis–
tantes dos grandes centros, por tradição ou cultura, a
ideia tem adeptos porque como o motivo já é passional,
os argumentos acabam enveredando para a emoção.
São muitos os casos ocorridos na História do Brasil,
como o da socialite Ângela Diniz, conhecida como 'Pan–
tera de Minas', assassinada em 30 de dezembro de 1976
por Raul, o Doca Street, com quem namorou por quatro
meses e a matou com três tiros no rosto e um na nuca,
durante uma briga que teve o ciúme como pano de
fundo . Na época, a defesa disse que ela teria convidado
a artesã Gabrielle Dayer para uma noite a três, e ele
teria recusado.
Na época, feministas picharam muros com o bordão
' '
Muito antes
da oficialização
da tipificação penal,
ofeminicídio
sempre
esteve presente
na realidade
brasileira,
envolvendo
anônimos efamosos.
histórico "quem ama não mata". A história conta que o
crime ocorreu na residência de Ângela Maria Fernandes
Diniz, na Praia dos Ossos, em Cabo Frio (RJ), porque Ân–
gela decidiu acabar definitivamente com a relação amo–
rosa com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street
e, em consequência disso, discutiram de forma acalo–
rada. Ele arrumou seus pertences, colocou-os no carro
e afastou-se da casa, para retornar em seguida; tentou
a reconciliação e, vendo-a frustrada, discutiram nova–
mente, momento em que Ângela se afastou para o ba–
nheiro; Doca armou-se de uma arma automática
(Bereta), abordou-a no corredor e disparou vários tiros
contra a face e o crânio de Ângela, matando-a na hora.
Revista
DIÁRIO
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Edição28 -
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