Previous Page  53 / 60 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 53 / 60 Next Page
Page Background

Casos envolvendo famosos chocam opinião

pública brasileira

M

uito antes da oficialização da tipificação penal,

o feminicídio sempre esteve presente na reali–

dade brasileira, envolvendo anônimos e famo–

sos. Inclusive passando por uma época em que

competentes tribunos do Tribunal do Júri usavam, com

sucesso, a tese de crime praticado "em defesa da honra",

em que homens matavam suas mulheres e amantes es–

cudados na impunidade sob o manto de traição. Ou

mesmo de violenta emoção.

Tanto que a justificativa de Otelo (personagem de

Shakespeare que, suspeitando de traição, asfixiou Des–

dêmona até

à

morte) sempre encontrou - e até hoje en–

contra - respaldo entre os sete jurados que integram os

conselhos de sentença do Tribunal do Júri Popular. Ope–

radores do direito afirmam que não há espaço, em

pleno século 21, para a tese jurídica do "lavar a honra

com sangue", diante de um adultério imaginado ou con–

sumado. Por outro lado, no entanto, em locais mais dis–

tantes dos grandes centros, por tradição ou cultura, a

ideia tem adeptos porque como o motivo já é passional,

os argumentos acabam enveredando para a emoção.

São muitos os casos ocorridos na História do Brasil,

como o da socialite Ângela Diniz, conhecida como 'Pan–

tera de Minas', assassinada em 30 de dezembro de 1976

por Raul, o Doca Street, com quem namorou por quatro

meses e a matou com três tiros no rosto e um na nuca,

durante uma briga que teve o ciúme como pano de

fundo . Na época, a defesa disse que ela teria convidado

a artesã Gabrielle Dayer para uma noite a três, e ele

teria recusado.

Na época, feministas picharam muros com o bordão

' '

Muito antes

da oficialização

da tipificação penal,

ofeminicídio

sempre

esteve presente

na realidade

brasileira,

envolvendo

anônimos efamosos.

histórico "quem ama não mata". A história conta que o

crime ocorreu na residência de Ângela Maria Fernandes

Diniz, na Praia dos Ossos, em Cabo Frio (RJ), porque Ân–

gela decidiu acabar definitivamente com a relação amo–

rosa com Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street

e, em consequência disso, discutiram de forma acalo–

rada. Ele arrumou seus pertences, colocou-os no carro

e afastou-se da casa, para retornar em seguida; tentou

a reconciliação e, vendo-a frustrada, discutiram nova–

mente, momento em que Ângela se afastou para o ba–

nheiro; Doca armou-se de uma arma automática

(Bereta), abordou-a no corredor e disparou vários tiros

contra a face e o crânio de Ângela, matando-a na hora.

Revista

DIÁRIO

-

Edição28 -

53