Violência
Primeiro emais
recente caso de
feminicídio no
Amapá
chocam opinião pública
Tido como "um crime de ódio", oconceito de feminicídio surgiu na década de 1970 com o
objetivo de reconhecer edar visibilidade
à
discriminação, opressão, desigualdade eviolência
sistemática contra as mulheres que, em sua forma mais aguda, culmina na morte.
Texto:
Ramon Palhares
mais completa reportagem sobre o primeiro
caso de feminicídio no Amapá foi publicada
na edição de nº 4 (fevereiro de 2015) da
Re–
vista Diário.
Era um sábado chuvoso, 23 de fevereiro
de 1985, tendo como cenário uma casa na
esquina da avenida Procópio Rola com rua
Eliezer Levy, no Centro de Macapá, então ci–
dade pacata, cuja paz foi quebrada pela
morte da Miss Amapá 1982, Maria de Fá–
tima Diniz Pinheiro, de 20 anos, assassinada friamente,
por ciúmes, por seu próprio marido, o administrador
de empresas Celestino Tavares Pinheiro Filho, 28 anos.
Ambos pertenciam a duas das mais ricas e poderosas
famílias do ex território federal do Amapá.
Hoje advogado de grande prestígio, um dos irmãos
de Fátima, Américo Diniz, descreve a dor da família e
dos amigos: "Foi muito difícil para todos; minha irmã
não se destacava apenas pela beleza; era doce, cari–
nhosa, carismática, fazia amigos com facilidade, cheia
de sonhos, mas acabou sucumbindo
à
primeira paixão
corroída por um ciúme doentio e animalesco que
aquele assassino nutria por ela".
Mas não foi fácil colocar o algoz de Fátima na cadeia,
por conta do prestigia de sua família, segundo Américo:
"Ele era de família influente, tanto que, mesmo conde–
nado a 12 anos, que é a pena mínima para homicídio
qualificado, permaneceu preso por pouco mais de um
ano, depois seguiu a vida sob o manto da impunidade".
Ainda de acordo com Américo, mesmo cumprindo
pena em regime fechado, o juiz da época permitiu que
o homicida fosse transferido para o presídio São José,
em Belém, concedendo-lhe o benefício de cursar facul–
dade. "Foi uma decisão absurda porque não foi obede–
cida a progressão de regime, que exige inicialmente
regime fechado, depois o semiaberto e, por fim, o
aberto. Com a agravante de que a alegação de que cur–
saria faculdade era balela, porque ele já tinha diploma
de curso superior. E o pior: ele ficou apenas três dias
no presídio", reclama.
Revista
DIÁRIO
-
Edição 28-
50