Viver Bem
Doutor
AlessandroNunes
Médico professor da Unifap, especializado
emClínica Médica pela Unifesp, eGeriatria pela USP.
Dor de cabeça epressão alta.
Quem vem primeiro?
V
ocê, em algum momento, já ima–
ginou que estava com algum pro–
blema relacionado
à
pressão ar–
terial após iniciar uma dor de cabeça?
Pois saiba que, provavelmente, você es–
tava perigosamente equivocado!
Existem algumas lendas urbanas
que, curiosamente, penetram no imagi–
nário popular e que dificultam não só o
trabalho do médico como a compreen–
são adequada do paciente frente ao real
problema. Exemplos disso são as cren–
ças de que as tonturas são causadas por
altas taxas de colesterol e a de que toda
e qualquer dor abdominal é fruto de
"gases". Da mesma forma, mais da me–
tade dos pacientes que entra em um
pronto atendimento por uma cefaleia,
julga estar sofrendo apenas de pressão
alta, ignorando totalmente as mais de
duzentas causas de dor de cabeça.
Para entender essa confusão, é pre–
ciso compreender dois conceitos: o pri–
meiro é que a hipertensão arterial é si–
lenciosa e, salvo em raríssimas exceções,
uma pressão arterial elevada não gera
dor ou nenhum outro sintoma. Entre–
tanto, a recíproca não se confirma: qua–
se toda dor resulta em algum aumento
na frequência cardíaca e pressão arterial
(segundo conceito). Agora, você já pode
entender que aquela pressão elevada
diante um quadro de dor de cabeça é,
provavelmente, consequência e não cau–
sa do problema.
Cerca de 4% dos atendimentos em
unidades de emergência são por qua–
dros de cefaleia. Investigar e tratar a real
causa é fundamental, não só para o con–
trole dos sintomas, como para alívio fu–
turo, tratamento precoce das complica–
ções e prevenção de sequelas. Eo médi–
co que atende tem a difícil tarefa de re–
conhecer os casos mais graves (como as
hemorragias e tromboses cerebrais), as–
sim como as cefaleias primárias e benig–
nas (enxaqueca, tensional...). Mesmo
que, em todos esses casos, o paciente
entre no consultório pedindo apenas
"um remédio pra pressão''.
Revista
DIÁRIO
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Edição27- 17
Alessandro Nunes